Novas formas de controle e silenciamento na era tecnológica

Enfrentar a violência digital é parte da luta por uma sociedade mais justa e igualitária

Mariana Tripode
Por Mariana Tripode  - Advogada 3 Min Leitura
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Com a ascensão das tecnologias digitais, novas formas de violência contra mulheres têm emergido, potencializando práticas de controle, silenciamento e humilhação. A violência digital vai além do ambiente virtual, afetando profundamente a vida real das vítimas, gerando impactos psicológicos, sociais e até financeiros. Trata-se de um fenômeno que não pode ser dissociado de uma cultura patriarcal que encontra na tecnologia um novo campo de atuação.

Formas de violência digital

Entre as formas mais comuns de violência digital estão o vazamento de conteúdos íntimos sem consentimento, perseguições virtuais (stalking), criação de perfis falsos para difamação, discursos de ódio e assédio sexual online. Essas práticas são amplificadas pelo alcance das plataformas digitais, que permitem que o dano seja exponencial e imediato. Além disso, o anonimato na internet muitas vezes dificulta a identificação dos agressores e reforça a sensação de impunidade.
As mulheres que ocupam espaços públicos, como ativistas, jornalistas e políticas, estão especialmente vulneráveis. Ataques coordenados, discursos misóginos e ameaças são frequentemente usados como estratégia para deslegitimá-las e afastá-las do debate público. Esse tipo de violência tem como objetivo claro manter mulheres em uma posição subalterna e silenciá-las em espaços onde sua voz é essencial.

Amplificação das desigualdades

A violência digital também reflete as interseccionalidades de raça, classe e sexualidade. Mulheres negras, indígenas, LGBTQIA+ e periféricas são alvos de ataques ainda mais agressivos, que combinam machismo com racismo, homofobia e outros sistemas de opressão. Essa sobreposição de violências demonstra que o ambiente virtual não é neutro: ele reproduz e amplifica desigualdades presentes na sociedade.

Responsabilização dos agressores

O enfrentamento à violência digital exige medidas urgentes e articuladas. É necessário criar e fortalecer legislações específicas que responsabilizem os agressores e protejam as vítimas. Paralelamente, as plataformas digitais devem ser responsabilizadas por práticas de moderação inadequadas e pela falta de transparência nos mecanismos de denúncia.
Além das medidas legais e institucionais, é crucial ampliar o debate sobre a violência digital, conscientizando a sociedade sobre seus impactos e combatendo a normalização dessas práticas. A tecnologia deve ser um espaço de liberdade e igualdade, e não um instrumento para perpetuar o controle e a opressão.

Enfrentar a violência digital é parte da luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Proteger as mulheres nesse novo cenário é um compromisso com o futuro, garantindo que a internet seja um ambiente seguro para todas.

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Posted by Mariana Tripode Advogada
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Advogada formada pela Universidade de Mogi das Cruzes /SP desde 2012. Especialista em Direito da Mulher e Direito de Gênero pela escola da Magistratura do Distrito Federal, pós-graduanda em Direitos das Mulheres e Práticas para uma Advocacia Feminista pela Escola Superior de Direito, pós-graduanda em Ciências Criminais e Interseccionalidades pela Verbo Jurídico. Foi Presidente da Comissão da Mulher da ABA Brasília – Associação Brasileira dos Advogados, idealizadora do primeiro escritório de Advocacia Para Mulheres no Distrito Federal e CEO da Escola Brasileira de Direitos das Mulheres-EBDM.
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