Lula nega rombo fiscal e diz que sem RS haveria superávit

Presidente descarta novas medidas fiscais e defende incentivo à produção para conter a alta dos alimentos

Giza Soares
Por Giza Soares 4 Min Leitura
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Presidente nega rombo nas contas públicas e destaca apoio à produção para conter alta dos preçosImagem: Ricardo Stuckert / PR
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Em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, na quinta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou que haja um rombo fiscal em sua gestão. Ele afirmou que as contas do governo só não fecharam no azul por conta dos gastos emergenciais destinados ao Rio Grande do Sul.

“Não existiu rombo fiscal no meu governo, houve no governo passado. Se não fosse o Rio Grande do Sul, teríamos tido superávit pela primeira vez em muitas décadas”, disse Lula, destacando que não pretende anunciar cortes de gastos. “Meu compromisso é com a responsabilidade fiscal. Se for necessário, discutiremos internamente, mas, se depender de mim, não haverá novas medidas fiscais”, completou.

A declaração ocorreu em um momento de reformulação da estratégia de comunicação do governo, agora sob comando de Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação (Secom).

Inflação dos alimentos e combustíveis

Questionado sobre a alta no preço dos alimentos, o presidente descartou medidas drásticas. “Não farei bravatas, nem criarei cotas ou medidas que gerem mercados paralelos, como ocorreu no passado”, afirmou, citando experiências do Plano Cruzado. Para Lula, o caminho para conter os preços passa pelo incentivo à produção e pelo apoio aos pequenos e médios agricultores, que abastecem mais de 70% das mesas brasileiras.

“Precisamos aumentar a produção, garantir financiamento e modernizar a agricultura familiar”, disse, adiantando que pretende se reunir com representantes do setor para entender melhor a oscilação de preços. “O óleo de soja chegou a R$4 e agora está em R$9 ou R$10. A carne caiu 30% em 2023 e voltou a subir. Qual a explicação?”, questionou.

Sobre um possível reajuste no preço do óleo diesel pela Petrobras, Lula ressaltou que a decisão cabe à estatal. “Desde o meu primeiro mandato aprendi que quem autoriza o aumento é a Petrobras, não o presidente da República”, afirmou. Mesmo com a possibilidade de alta, garantiu que o preço do diesel continuará mais baixo que no fim de 2022.

Caso haja reação do setor de transportes, como uma mobilização de caminhoneiros, Lula disse que o governo estará aberto ao diálogo. “Se houver movimento, vamos conversar, como sempre fizemos”, assegurou.

Taxa de juros e futuro econômico

A recente elevação da taxa Selic, que passou de 12,25% para 13,25% ao ano, também foi tema da coletiva. Lula afirmou que a medida já estava prevista pela gestão anterior do Banco Central e demonstrou confiança no novo presidente da instituição, Gabriel Galípolo.

“A necessidade de subir os juros já havia sido demarcada pelo outro presidente. Galípolo fez o que achou necessário”, pontuou. No entanto, ele indicou que espera redução das taxas no futuro para estimular o crescimento econômico e ampliar o acesso ao crédito.

País de classe média

Lula encerrou a entrevista reafirmando sua meta de tornar o Brasil um país de classe média, com crescimento sustentável e distribuição de renda. “Queremos um país onde as pessoas possam comer bem, viver com dignidade e ter perspectivas. Esse é o compromisso do nosso governo”, afirmou.

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