O censo de 2022 indica que 55% da população brasileira se identifica como preta ou parda. Este número demonstra que, paulatinamente, as pessoas têm se orgulhado de sua cor. E, nesse contexto, é preciso considerar que a autodeclaração quanto à cor remete ao modo como cada um se vê. Esse orgulho é, em grande parte, fruto da tomada de consciência de seu valor, advinda das lutas dos movimentos negros pelo fim da opressão provocada pela escravidão. No dia 20 de novembro, celebra-se o Dia da Consciência Negra, o que implica reconhecer a necessidade de continuar lutando contra o racismo e todas as atrocidades advindas das diferentes formas de preconceito e discriminação.
Mas da mesma forma que acontece, ao celebrarmos o Dia Internacional da Mulher, não basta instituir um feriado ou um mês para se falar de consciência negra. É preciso ir além e educar as futuras gerações para o respeito às diversidades étnicas, religiosas, sociais e de gênero. E, nesse caso específico, só a educação pode ajudar, posto que preconceito, seja ele de qualquer ordem, só pode ser vencido por meio do conhecimento. Há uma evidente premência por se instituir uma educação antirracista, em que o combate ao racismo seja o mote. Nesse sentido, reforça-se a imprescindibilidade de valorizar a história e reforçar a contribuição dos povos africanos e afro-brasileiros na construção do país.
Educação antirracista
A promoção de uma educação antirracista deve desnaturalizar o modelo social branco imposto como ideal. Urge a ampliação do conhecimento crítico sobre os temas relacionados ao racismo, superando a normatividade de um domínio monorracial para que negros e negras, no Brasil e no mundo, desenvolvam um sentimento de pertença ao seu próprio mundo e para que os não negros e não negras passem a valorizar e a respeitar as diferenças étnicas, ressignificando as interações sociais futuras. De acordo com a escritora Conceição Evaristo, “Tem material muito bom e vivo hoje para trabalhar o tema, mas para que a educação antirracista possa acontecer, o professor deve estar convencido racionalmente e emocionalmente, ter certeza de que precisa fazer algo para mudar a realidade injusta que vivemos, porque a teoria apenas não é suficiente”.
Ao dar visibilidade ao tema, partilhamos responsabilidades, em nossas escolas e em nossas casas, como pais e professores, para enfrentar o racismo estrutural e as injustiças provenientes desse comportamento desumano e criminoso. Para se alcançar êxito em tal empreitada, no entanto, devemos alinhar discurso e prática. É dando o exemplo que educamos para uma sociedade que valoriza suas diferenças, rechaçando toda e qualquer forma de exclusão. Que este seja um dia para refletir sobre o passado na esperança de um futuro melhor.