Setembro Amarelo: bullying, a dor invisível

Como o bullying escolar pode agravar o risco de suicídio e a importância de criar ambientes mais acolhedores para proteger nossos jovens

Redação
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Imagem: Freepik
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A Dra. Raquel Manzini, mestre em Educação infantil doutora em Psicologia com foco em Bullying, e possui diversos cursos de especialização

Setembro é o mês dedicado à conscientização sobre a valorização da vida, popularmente conhecido como Setembro Amarelo. Durante este período, é fundamental discutir e refletir sobre questões relacionadas à saúde mental e ao impacto de comportamentos prejudiciais, como o bullying. Para entender melhor a relação entre bullying e saúde mental, especialmente no contexto do Setembro Amarelo, as alunas do 4º/3º Semestre de Psicologia do Centro Universitário Unieuro, Águas Claras entrevistaram a Dra. Raquel Manzini, especialista em psicologia e bullying. Nesta conversa, a Dra. Manzini oferece insights sobre como o bullying se desenvolve, seus efeitos nas vítimas e o impacto potencial sobre o risco de suicídio. Confira os principais pontos discutidos durante a entrevista;

Quais os principais fatores que contribuem para o surgimento do bullying em um ambiente escolar?

O bullying é facilitado quando a escola falha na prevenção e combate, focando apenas no desempenho acadêmico ou em aumentar matrículas. Ambientes com discriminação sutil, como racismo e machismo, favorecem o bullying. Já escolas que promovem empatia e boas relações conseguem prevenir melhor esse problema.

Como a presença de observadores reforça o comportamento do agressor e quais estratégias podem ser adotadas para desestimular essa participação?

O bullying se distingue pela repetição e intencionalidade, onde o agressor planeja causar sofrimento continuamente, mascarando as agressões como “brincadeiras”, com xingamentos e apelidos persistentes. Ele pode ser físico, psicológico, material ou sexual, e não é uma ação pontual ou acidental. O comportamento é mantido pela atenção dos observadores, que reforçam o bullying ao rir ou participar, o que dá destaque social ao agressor. Conforme a idade, o tipo de bullying varia; em crianças menores, é mais comum o bullying físico, como puxar cadeiras ou danificar materiais, sempre de forma intencional e repetida.

Como o ambiente familiar pode influenciar o comportamento do agressor e quais intervenções familiares são eficazes para promover a empatia e reduzir a agressividade?

Vítimas de bullying são frequentemente alvo de agressões de crianças e adolescentes que carecem de empatia, demonstrando isso ao rir de situações sérias, como o sofrimento de um colega por ser chamado de “baleia”. Desenvolver empatia é um processo longo e complexo, que envolve muitas sessões para que o agressor se coloque no lugar do outro e sinta seu sofrimento. Contextos familiares com pouca intervenção podem agravar o comportamento agressivo, como em casos onde o agressor também é agressivo em casa. Trabalhar com a família para estabelecer limites e não tolerar comportamentos inadequados é crucial para ajudar o agressor a entender o impacto de suas ações e a construir relacionamentos mais respeitosos.

Quais são os sinais de alerta mais comuns em vítimas de bullying que podem indicar um risco iminente de suicídio, e como os pais, professores e amigos podem identificar esses sinais?

O bullying pode causar sérios danos ao desenvolvimento emocional e social de crianças e adolescentes. Em resposta ao bullying, as vítimas frequentemente apresentam mudanças comportamentais, como se tornar mais retraídas, tímidas e com dificuldades de expressão. Muitas vezes, escondem-se atrás do cabelo ou adotam comportamentos de autoproteção. Esse impacto pode ser transformador; à medida que o processo de recuperação avança, é comum observar melhorias na autoestima e na autoimagem, como mudanças no modo de se vestir e na forma como se cuidam. Em contrapartida, alguns podem desenvolver comportamentos opostos, como agressividade e rebeldia, e dificuldades em formar vínculos e de confiar nos outros. O ambiente escolar, onde passam grande parte do tempo, desempenha um papel crucial nesse processo.

Existe um canal público para denunciar casos de bullying?

As alunas do 4º/3º semestre de Psicologia do Centro Universitário Unieuro, Águas Claras foram responsável pelo texto que explora a relação entre o bullying e o risco de suicídio. O projeto foi orientado pela professora Heloisa de Vivo, docente da disciplina de Psicopatologia e Saúde Mental.

Sim, há diversos canais para denunciar casos de bullying. Inicialmente, é recomendado entrar em contato com a escola, seja ela pública ou particular. Se isso não resolver, as denúncias podem ser feitas ao Conselho Tutelar, ao Ministério Público de Defesa da Criança e do Adolescente, ou à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, especialmente se o bullying envolver um adulto, como um professor. Também é possível buscar assistência na Vara Cível, onde um advogado pode auxiliar na reparação de danos morais e materiais.

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