Nosso bate-papo quinzenal é com foco na segurança pública. Vou pedir licença para tratar de outro tipo de segurança. Mais amplo. Que pode atingir a todos nós. O da SEGURANÇA HUMANA. Segundo o ILAES (Instituto Latino-Americano de Educação para a Segurança), trata-se de um conceito onde a preservação da vida e da dignidade humana aparecem em primeiro lugar frente às interações sociais e do Estado, analisados sob a ótica da redução dos riscos de desastres e pautada na diminuição das vulnerabilidades frente às ameaças socio-naturais.
A tragédia das chuvas incessantes e torrenciais no Sul do nosso país nos faz refletir: Será que vale a pena insistir na contrariedade à ciência? Manter o discurso de ganhar dinheiro a qualquer custo? Desmatando sem parâmetros? Desvirtuando os discursos mais balizados e científicos em troca de mentiras ou falsas argumentações sem fundamentação? Por fim, a ciência só vale quando se alia aos interesses do capital (dinheiro e especulação)?
Consequências
E mais perguntas: Até quando vamos dar ouvidos a negacionismos e discursos fáceis de mídias sociais que, irrefutavelmente, vem causando prejuízos, ódios, crises e o pior: MORTES? Tivemos cabais provas disso durante a pandemia, onde a ciência foi contraditada por discursos fáceis e antivacina e que vem sendo um problema no Brasil e no mundo, com possibilidade de retorno de doenças até então controladas, como sarampo, pólio e outras.
Agora temos os claros indicativos de que os constantes ataques à natureza, às florestas, aos oceanos têm consequências climáticas graves, com a constância de desastres naturais cada vez mais graves. Vamos continuar fingindo desconhecimento? É isso que queremos deixar para nossos filhos e netos? É esse país e mundo que queremos deixar de legado?
Crise
Voltando à crise no Rio Grande do Sul e à segurança pública, o que temos de informação é que a situação está bem complicada. A maior crise climática dos últimos tempos no Brasil deixa ainda mais vulneráveis pessoas e bens. Falta de água e de luz. Com isso aumentaram os riscos de saques e a criminalidade vem se aproveitando do caos para furtar casas e roubar os cidadãos. As forças de segurança, muito embora atingidas também pela enchente, estão trabalhando incessantemente. Mesmo com grande parcela de seu efetivo também atingida pelo desastre.
Temos nova previsão de temporais, fortes chuvas e ventos de até 100k/h. Alerta máximo do INMET a partir do dia 08/05. A solidariedade e voluntariedade são as peças fundamentais no momento, para minorar os riscos e problemas. A força Nacional está sendo deslocada para auxiliar a segurança pública. O Governo Federal já mobilizou mais de 15 mil pessoas para suporte e salvamento. E foram aprovados fundos emergenciais e liberação de emendas de parlamentares pelo Congresso.
Mas nada disso vale, se não voltarmos a nos conscientizar que as consequências de políticas que ignoram o desmatamento, ocupação irregular do solo e a poluição estão, a cada dia, mais claras. Teremos que enfrentar hoje e dar as mãos para a situação de crise no Rio Grande do Sul. Mas nossas ações, rapidamente, têm que se voltar para a atuação sistêmica do poder público e das comunidades, com foco na redução das vulnerabilidades. Precisamos urgentemente de ações diretas e efetivas para redução dessas vulnerabilidades climáticas e de ocupação irregular do solo no cenário nacional.