A adultização infantil e seus prejuízos no desenvolvimento

As consequências para a formação do indivíduo

Sandra Mara Bessa
Por Sandra Mara Bessa  - Professora 4 Min Leitura
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Imagem: Adobe Stock
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Na Educação Básica, período que compreende desde a Educação Infantil ao Ensino Médio, fica muito evidente a diferença de tratamento dado às crianças e aos adolescentes ao longo de seu processo de formação. Na Educação Infantil, as crianças são normalmente tratadas como crianças e têm seu período de desenvolvimento respeitado. O brincar faz parte das atividades e recorrentemente são propostas atividades lúdicas com vistas a gerar aprendizagens. Mas muitas vezes para por aí.

No tocante a essa mudança, é perceptível, quando deixam a Educação Infantil, ou mesmo logo ao final desta, uma mudança no tratamento dirigido às crianças que passam a ser tratadas como pequenos adultos, de quem é cobrada a assunção de inúmeras responsabilidades e ainda uma autonomia que ainda não têm. A esse processo de aceleração das fases da infância, que desconsidera a criança como criança, é que chamamos de adultização, ou seja, tratamos crianças como se fossem adultos mirins.

Prejuízos da adultização

Essa adultização traz prejuízos para a formação do indivíduo, posto que deixam de vivenciar plenamente a sua infância. Dentre os problemas decorrentes dessa adultização, citem-se o estresse decorrente da sobrecarga de tarefas e atividades; o impedimento de experienciar o imaginário presente na infância; a sexualização precoce; as doenças relacionadas à saúde mental; a dificuldade de socialização com crianças da mesma idade; a adoção de uma linguagem assimétrica com a sua idade, entre outros
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Salienta-se ainda que isso ocorre não só na escola, mas em outros tantos espaços em que a criança se encontra. Como se pode verificar, a adultização, embora pareça muito charmoso para alguns pais, não é algo natural e pode trazer consequências nefastas para a vida desse indivíduo. Por isso, esse tema tem sido recorrentemente discutido, especialmente em função de um mundo cada vez mais digitalizado e que propicia o acesso das crianças a uma gama de conteúdos e informações nem sempre adequadas a sua faixa etária, sob a perspectiva emocional ou sob o aspecto de seu nível de compreensão crítica.

Posturas que devem ser observadas

Pais e professores devem, portanto, estar atentos para proteger as crianças e garantir que explorem ao máximo cada fase de suas vidas de maneira saudável e adequada. E isso é mais simples do que parece! São posturas que devem ser observadas: Evitar a sobrecarga de atividades formais (cursos e atividades extras, por exemplo), deixando tempo adequado para brincar, divertir, explorar e conviver; atentar para o consumo de conteúdo adequado especialmente na internet que deve ser monitorada em termos de tempo e de qualidade de informação acessada; estimular a convivência com outras crianças, promovendo interações e criação de laços emocionais positivos; e, por fim, promover o uso de espaços livres como parques e áreas verdes. Portanto, a oferta de estímulos adequados à idade das crianças e dos adolescentes faz toda a diferença.

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Posted by Sandra Mara Bessa Professora
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Gestora de projetos e especialista em Educação
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