8º Salão Brasiliense de Cutelaria: tradição, talentos e conexões

O evento se destacou como uma celebração da arte em metal e uma oportunidade única para os entusiastas da Cutelaria se reunirem e compartilharem sua paixão

Giza Soares
Por Giza Soares 6 Min Leitura
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Imagens: Mara Lima/JCF
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A capital do Brasil, mais uma vez, brilhou como centro de destaque na cena nacional, mas desta vez não apenas no âmbito político. O 8º Salão Brasiliense de Cutelaria, realizado nos dias 6 e 7 de abril, no CGT Estância Gaúcha do Planalto, revelou-se como um evento que vai além da simples exposição de lâminas. Sob a liderança dos organizadores Silvana Mouzinho e Milton Hoffmann, este evento anual se consolida como uma vitrine para a tradição, os talentos e as conexões no mundo da Cutelaria.

organizadores da feira, Milton Hoffmann e Silvana Mouzinho

Brasília, já há algum tempo, tornou-se um núcleo de formação de mão de obra em cutelaria desde a criação da Escola de Cutelaria na UnB. Com muitos cuteleiros qualificados e renomados, a cidade tem se destacado nesse nicho de mercado de trabalho, ainda que subestimado pela sociedade em geral. Mesmo com sua tradição, apenas uma pequena parte da população tem conhecimento sobre essa arte, mas aos poucos Brasília tem se tornado o polo desse ofício no Brasil, conforme ressalta Milton Hoffmann.

A feira de 2024, além de atrair os admiradores habituais, abriu suas portas para toda a família, oferecendo uma variedade de atrações que iam desde demonstrações ao vivo de forjamento até produtos artesanais exclusivos. Com uma ampla gama de lâminas artesanais, cada uma com seu design único e materiais de alta qualidade, os visitantes puderam apreciar autênticas obras de arte em metal.

No entanto, o verdadeiro valor deste evento foi a oportunidade de interação e conexão entre os participantes e o público brasíliense, afinal, a cutelaria é um nicho de mercado de trabalho bastante promissor e precisa de maior divulgação no ambiente artístico do Planalto.

O salão contou com 23 modalidades de premiação para os cuteleiros. Os destaques de 2024 foram:

  • Daniel Dynia, um entusiasta da cutelaria há mais de três anos, viu seu esforço ser recompensado em sua segunda participação no evento. Com orgulho, ele recebeu prêmios em diversas categorias, incluindo a Melhor Faca Bowie, Melhor Faca de Luta, Melhor Faca em Aço Carbono e Melhor Faca de Campo, refletindo sua paixão e dedicação pela arte da cutelaria.
  • Assis Lira, um artista plástico de João Pessoa, trouxe não apenas sua habilidade artística, mas também sua devoção pela cultura nordestina para o evento. Seu trabalho meticuloso e inspirado na tradição rendeu-lhe prêmios significativos, como a faca de ponta integral e a faca de ponta nordestina.
  • Carlos Eduardo Sturaro, conhecido carinhosamente como Du Sturaro, mostrou sua maestria como cuteleiro em tempo integral ao conquistar prêmios em várias categorias. Com sua criatividade e habilidade técnica, ele foi premiado na Melhor Adaga, Melhor Bainha, Melhor Lâmina de Arte e Melhor Lâmina em Colaboração. Sua presença na feira não apenas destacou seu talento, mas também resultou na venda imediata das peças que apresentou.
André Rezende e sua filha Clara

Insumos e exportação

Além das facas, canivetes, cutelos e adagas, a feira ofereceu uma variedade de produtos e insumos para os cuteleiros. Conversamos com André Rezende e sua filha Clara, que compartilharam conosco suas experiências. André participa de feiras em todo o Brasil, com uma média de 12 a 14 eventos por ano. Eles trabalham com talas, blocos e placas de resina epóxi para a confecção de cabos de todos os tipos de lâminas. Atualmente, estão exportando para América Latina e Portugal. “Nosso material de destaque é o cabo de resina transparente com folhas de ouro”, explicou André, evidenciando a qualidade e a singularidade de seus produtos.

O colecionador apaixonado, Paulo Garcia, confessou sua fascinação pela cutelaria. “Já perdi a conta de quantas lâminas tenho. Só nesta feira comprei 8. Tenho muitas facas e morro de ciúmes delas, não quero me desfazer de nenhuma. Adquiri minha primeira faca aos 14 anos”, revelou Paulo. Ele enfatizou ainda que as facas brasileiras não deixam nada a desejar em relação às internacionais, e destacou o crescimento dos cuteleiros brasileiros no cenário mundial.

Assim, o Oitavo Salão Brasiliense de Cutelaria não apenas ressaltou a excelência artesanal dos cuteleiros locais, mas também destacou o potencial de Brasília como um centro em ascensão no mundo da cutelaria. Mais do que uma simples feira de comércio, este evento fortaleceu os laços entre os amantes dessa arte milenar, evidenciando que a tradição da cutelaria continua viva e vibrante na capital do Brasil.

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