Um estudo publicado na revista Jama Neurology apresenta um avanço significativo na detecção precoce da doença de Alzheimer, que, segundo a OMS, afetará 78 milhões de pessoas até 2030. O teste de sangue desenvolvido pela empresa norte-americana ALZpath demonstrou precisão comparável aos métodos padrão, como ressonância magnética e exame do líquido cefalorraquidiano, oferecendo uma alternativa menos invasiva e mais acessível.
Três testes
Os resultados baseiam-se em três testes realizados em 786 participantes, incluindo aqueles com comprometimento cognitivo. Segundo Nicholas Ashton, primeiro autor do estudo e pesquisador da Universidade de Gotemburgo, 80% dos participantes já apresentavam a doença. O biomarcador p-tau217 foi identificado no exame de sangue, indicando uma possível revolução no diagnóstico precoce da Alzheimer.
Para otimizar a detecção da doença, os cientistas compararam o novo teste com os métodos tradicionais, como a retirada de líquido cefalorraquidiano. O exame invasivo e caro, realizado há décadas, pode ser substituído por uma técnica menos complexa e mais acessível, reduzindo a demanda por exames adicionais de acompanhamento em cerca de 80%.
Henrik Zetterberg, cientista da Universidade de Gotemburgo e coautor do estudo, enfatiza que o exame de sangue está pronto para comercialização, aguardando aprovação de agências regulatórias. Ele destaca a importância da nova ferramenta diagnóstica não apenas na identificação precoce, mas também na seleção de pacientes elegíveis para tratamentos inovadores.
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O geriatra brasileiro Otávio Castello elogia a pesquisa e destaca a promissora utilidade do teste na avaliação da elegibilidade para as novas drogas contra a Alzheimer. No entanto, ressalta a necessidade de validação na população brasileira.
Além do avanço no diagnóstico, a empresa norte-americana Cognito Therapeutics inicia um estudo de neuromodulação em pacientes com Alzheimer, explorando uma abordagem inovadora para o tratamento da doença. Esses avanços indicam uma mudança significativa na forma como a demência é diagnosticada e tratada, oferecendo esperança para milhões de pessoas afetadas por essa condição neurodegenerativa.