Brasil mantém baixo desempenho no Pisa, indicando preocupações para o futuro

Desafios persistem com quedas significativas em matemática, leitura e ciências, revela última edição do exame

Danieli Aguiar
Por Danieli Aguiar 5 Min Leitura
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Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasi
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Os dados da mais recente edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), revelam números alarmantes para o futuro educacional do Brasil. Uma vez mais, o país figura entre as posições mais baixas em um ranking que avaliou o desempenho de alunos de 15 anos em 81 nações, nas áreas de matemática, leitura e ciências.

Resultados

Comparando os resultados com o período pré-pandemia, o Brasil experimentou declínios em todas as disciplinas. Em matemática, a queda mais expressiva, registrou -5 pontos e redução nos pontos, de 384 para 379. Já na leitura, houve uma diminuição de -2,5 pontos, totalizando 410 pontos, enquanto em ciências a queda foi de 0,6 pontos, encerrando com 403 pontos.

Para Sandra Mara Bessa, especialista em Educação, “a cultura de responsabilidade familiar e disciplina rigorosa em países asiáticos destaca a importância vital da educação para o desenvolvimento.”

Outro ponto, preocupante, destaca que sete em cada dez estudantes brasileiros apresentam desempenho em matemática abaixo do considerado básico. Em ciências, 55% demonstram conhecimento aquém do esperado, e em leitura, essa porcentagem atinge 50%. Já no quesito desempenho acima da média, o país não ultrapassa os 2%.

Apesar da deterioração nos indicadores, o Brasil conseguiu subir no ranking, avançando de duas a seis posições. Essa ascensão, no entanto, é atribuída às quedas ainda mais significativas de outros países participantes.

Há que se considerar, portanto, dois aspectos relevantes nessa análise: o primeiro diz respeito ao fato de que havia uma expectativa (a qual foi relativamente frustrada) de que os resultados pudessem ser ainda piores em função do caos que tomou conta da educação brasileira no período de pandemia; e o segundo aspecto remete à incapacidade de avançarmos na qualidade da educação nacional, amargando resultados nada favoráveis em áreas básicas como leitura e matemática. Chama atenção as implicações de uma na outra, qual seja, o impacto da dificuldade de leitura na compreensão de problemas matemáticos, Sandra Mara Bessa, professora e especialista em Educação.

Liderança do ranking

Nações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conhecida como o “clube dos ricos”, foram as mais impactadas pelo fechamento de escolas durante a pandemia. Enquanto isso, na liderança do ranking, encontra-se países asiáticos como Singapura, China, Japão e Coreia do Sul.

Segundo a especialista em educação, “nestes países, prevalece a cultura de responsabilidades partilhadas pela família no acompanhamento e educação das crianças, da mesma forma em que se cultiva uma disciplina rígida no que tange à busca do sucesso escolar, associado ao medo do fracasso da sociedade como um todo, ou seja, quando a educação fracassa, sucumbe também o desenvolvimento. Em que pesem as questões culturais e econômicas, salienta-se ainda a articulação destes sistemas de ensino para qualificar o processo educativo”, pontou Sandra.

Posição do Brasil

A constatação de que o Brasil permanece em uma posição média em torno do 60º lugar no Pisa, ao lado de nações como Jamaica, Montenegro e Argentina, reflete uma estabilidade preocupante. Desde 2009, o país não demonstra melhorias substanciais nos índices educacionais, apontando para desafios persistentes no sistema de ensino.

Não se pode perder de vista, portanto, a necessidade de se repensar a educação brasileira desde sua base, ressignificando o pacto interfederativo de maneira a impactar severamente na qualidade da aprendizagem de nossas crianças e adolescentes. Para tanto, há que se investir na valorização e formação dos profissionais de educação; na infraestrutura das escolas; na parceria e corresponsabilização das famílias na educação dos filhos e na adoção de metodologias que de fato promovam aprendizagens significativas. Exemplos pontuais não faltam, os quais podem ser multiplicados”, conclui. Sandra Mara Bessa, professora e especialista em Educação.

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