Muito tem se falado sobre a influência dos alimentos ultraprocessados na saúde em geral dos brasileiros. Embora seja um tema comum, essa é uma preocupação crescente entre diversos profissionais da saúde. Isso ocorre porque esses alimentos, caracterizados por sua alta quantidade de açúcares refinados, gorduras saturadas, sódio e aditivos químicos, têm um impacto significativo que pode levar à deficiência de nutrientes essenciais, os quais desempenham funções importantes em nosso organismo.
Atualmente, com o advento da internet, através do bombardeio cotidiano de imagens e tarefas que muitas vezes tem que ser resolvidas simultaneamente, fazer uma refeição com calma tem se tornado um ato cada vez mais raro. Isso implica em uma série de fatores que podem prejudicar nossa saúde física e mental, uma vez que durante as refeições muitas vezes não prestamos atenção aos alimentos que estamos ingerindo nem à forma como nos nutrimos. O ato de comer frequentemente se tornou algo burocrático, em vez de uma oportunidade de nutrir nosso corpo.
É importante ressaltar que, além de realizar as refeições com atenção, é fundamental selecionar cuidadosamente o que é colocando no nosso prato. Por exemplo, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, que muitas vezes são práticos na rotina, pode resultar em disbiose intestinal, um desequilíbrio da microbiota do intestino. Isso afeta diretamente a nossa sensação de prazer e bem-estar, pois pode afetar negativamente a produção de neurotransmissores, como a serotonina, que desempenha um papel fundamental no nosso humor e qualidade de vida, muitas vezes funcionando como um escudo contra o estresse.
A complexa relação com a saúde mental e física
Além disso, é importante destacar que o alto teor de açúcar em alimentos ultraprocessados também pode causar flutuações nos níveis de açúcar no sangue, afetando o humor e contribuindo para distúrbios, como ansiedade e depressão. Outro problema é na fabricação dos alimentos ultraprocessados, há uma perda de água e a eventual adição de óleo transformam alimentos com baixa ou média quantidade de calorias em alimentos de alta densidade calórica, o que pode aumentar o risco de obesidade e consequentemente transtornos alimentares.
Em resumo, a relação entre alimentos ultraprocessados e saúde mental é complexa e embora esses alimentos não sejam a causa de problemas de saúde mental, eles podem contribuir para o problema quando fazem parte de uma dieta desequilibrada e pobre em nutrientes. No Brasil, a questão da educação alimentar e nutricional e do acesso a alimentos saudáveis desempenha um papel crucial. Em algumas áreas, o acesso a alimentos frescos e saudáveis pode ser limitado, o que pode aumentar a dependência de alimentos ultraprocessados. Segundo o nosso Guia Alimentar para População Brasileira, a regra de ouro é: “faça dos alimentos in natura e minimamente processados a base da sua alimentação”, essa, sim, é considerada uma alimentação anti-inflamatória. Portanto, é de extrema importância que nós, profissionais da saúde, disseminemos informações relevantes e alternativas viáveis para promover, ao mesmo tempo, a educação alimentar e nutricional e uma dieta que se encaixe na realidade dos brasileiros.