Quando se trata da nossa alimentação, é essencial que tenhamos consciência não apenas dos alimentos que ingerimos, mas também da forma como a eles nos referimos. O vocabulário que usamos no dia a dia pode ter um impacto significativo em nossa relação com a comida e, consequentemente, afetar muito a forma como nos percebemos. Certos termos podem motivar uma visão distorcida dos alimentos, estimular comportamentos negativos e até mesmo desencadear transtornos alimentares. Por isso, sempre trabalho em meu consultório a importância do olhar carinhoso e respeitoso aos alimentos e conosco. Hoje, trago para vocês alguns termos que podemos evitar na hora de pensarmos em nossa relação com a comida.
“Alimentos bons” versus “Alimentos ruins”
Uma das formas mais comuns de prejudicar o equilíbrio alimentar é classificar os alimentos em categorias de “bons” e “ruins”. Essa mentalidade binária cria uma associação negativa com determinados alimentos e pode levar a restrições excessivas, culpa e compulsões. Em vez disso, devemos adotar uma abordagem mais flexível e entender que todos os alimentos podem fazer parte de uma dieta equilibrada, desde que sejam consumidos com moderação e em combinação com outros alimentos nutritivos.
“Dia do lixo” ou “Escapadas”
Expressões como “dia do lixo” ou “escapadas” reforçam a ideia de que comer certos alimentos é moralmente errado. Essa terminologia pode gerar sentimentos de culpa e vergonha em relação à alimentação, criando um ciclo negativo que afeta nosso equilíbrio emocional e alimentar. É fundamental lembrar que não existem alimentos “proibidos” e que o equilíbrio está em desfrutar de uma variedade de alimentos dentro de uma dieta equilibrada.
“Compensar” ou “Queimar calorias”
Quando usamos termos como “compensar” ou “queimar calorias”, estamos estabelecendo uma relação pouco saudável com a comida e exercício físico. Essas palavras podem levar a comportamentos compensatórios extremos, como exercitar-se em excesso para “compensar” uma refeição considerada indulgente. É essencial reconhecer que o equilíbrio alimentar se baseia em escolhas saudáveis e na prática de atividades físicas regulares, e não em punições ou compensações por excessos ocasionais.
“Dietas” e “Restrição”
A terminologia relacionada a “dietas” e “restrição” também pode afetar negativamente nosso equilíbrio alimentar. Dieta, no sentido tradicional e errôneo, refere-se a um plano alimentar temporário, muitas vezes restritivo, com o objetivo de perda de peso rápida. Na verdade, a palavra dieta vem do grego “díaita” e significa “modo de vida”. O problema é que essas dietas restritivas ou da moda não são sustentáveis em longo prazo e podem levar a um ciclo de restrição e compulsão. Em vez disso, devemos adotar uma abordagem mais holística e equilibrada em relação à alimentação, buscando um estilo de vida saudável e duradouro.
A forma como nos referimos à alimentação desempenha um papel fundamental em nosso equilíbrio alimentar. Ao evitarmos termos que categorizem alimentos como “bons” ou “ruins”, “pecados” ou “escapadas”, “compensação” ou “queima de calorias” e “dietas” restritivas, podemos promover uma relação mais saudável e equilibrada com a comida. É essencial lembrar-se de que a alimentação deve ser uma fonte de prazer, nutrição e bem-estar, e que todos os alimentos podem fazer parte de uma dieta equilibrada quando consumidos com moderação e consciência. Convido-as a adotar uma linguagem mais positiva e encorajadora em relação à alimentação, criando um ambiente propício ao equilíbrio e à saúde. Vamos nessa?