Sabemos que as redes sociais estão muito presentes na vida cotidiana de muitas pessoas, especialmente das mulheres. No entanto, venho debatendo sobre isso com colegas de profissão, amigos e familiares mais frequentemente, uma vez que notei que há uma crescente preocupação com o impacto que essas plataformas têm na percepção da autoimagem feminina.
De acordo com uma pesquisadora da Universidade Macquarie em Sydney, as pessoas estão cada vez mais comparando suas aparências às de outras pessoas por meio de plataformas de redes sociais. Essa comparação excessiva pode levar a sentimentos de inadequação e insatisfação com a própria aparência, resultando em baixa autoestima e até mesmo abalar a saúde mental, principalmente das mulheres.
As inúmeras imagens retocadas e editadas que preenchem os feeds de muitas celebridades e influencers e que também aparecem diariamente em televisões e anúncios publicitários podem levar milhões de mulheres a buscar um padrão inatingível de perfeição e beleza, aumentando a pressão sobre elas para atingirem esses corpos. Esse impacto é tão significativo que uma pesquisa realizada em 2017 pela fundadora da ONG Pretty Foundation, Merissa Forsyth, mostrou que na Austrália, 38% das meninas de 4 anos já estavam insatisfeitas com seus corpos. O número assusta, mas também nos traz um alerta que pode ser fundamental na hora do consumo de conteúdos de beleza, moda e estilo de vida e publicidade em geral.
Vemos diariamente que muitas pessoas estão sacrificando sua saúde física e mental na busca pela perfeição, seja na procura por cirurgias plásticas extremamente invasivas, no consumo de produtos de beleza perigosos ou na realização de dietas hiper restritivas. Claro que como profissional, eu não sou contra nenhum tipo de procedimento cirúrgico, mas reforço sempre para as minhas pacientes que essas são decisões sérias e que devem ser tomadas após um período de planejamento, sabendo de todos os riscos que a internet muitas vezes não te conta.
Saúde mental
Precisamos estar conscientes do que estamos consumindo, tanto na nossa rotina alimentar (como já trouxe aqui anteriormente) quanto na nossa rotina intelectual e de lazer. Digo que um passo importante para nos blindarmos desses efeitos negativos passa por fortalecermos a nossa saúde mental. Dessa forma não ficamos fragilizadas e propensas a entrar no ciclo de insatisfação e busca por algo inalcançável.
Uma saída mais simples e prática que costumo sempre recomendar para as minhas pacientes é fazer uma busca por perfis de celebridades e influenciadoras reais, com corpos reais e que sirvam de inspiração e motivação. Entendo que é uma faca de dois gumes. As redes sociais também podem ser importantes aliadas e podem ser uma ferramenta positiva para construir a autoconfiança e a autoestima, desde que sejam usadas de maneira saudável e consciente.