As vacinas terapêuticas para tratamento de tumores podem estar mais perto de se tornar uma realidade. Estudos apontam que, apenas em 2021, as imunizações evitaram quase 20 milhões de mortes em decorrência do coronavírus. Agora, os pesquisadores querem adaptar esta tecnologia e usá-la contra o câncer. A empresa alemã de biotecnologia BioNTech planeja entregar estes primeiros imunizantes oncológicos antes de 2030.
Segundo Sahin, fundadora BioNTech, o objetivo é usar a abordagem de vacina individualizada para garantir que, diretamente após a cirurgia, os pacientes recebam uma dose personalizada e individualizada que induzem uma resposta imune para que as células T (de defesa) no corpo do paciente consigam rastrear as células tumorais restantes e, idealmente, eliminá-las.
No início da pandemia, a BioNTech firmou uma parceria com a farmacêutica americana Pfizer e, juntas, foram as responsáveis pelo primeiro imunizante contra o novo coronavírus a receber um aval no mundo. Chamada de Comirnaty, a aplicação utiliza o RNAm para induzir os anticorpos e as células de defesa contra o Sars-CoV 2, e faz parte de diversas campanhas de vacinação pelo mundo, inclusive no Brasil.
Outra empresa que conta com um amplo catálogo de aplicações em ensaios clínicos é a Moderna, que também foi impulsionada pelo desenvolvimento de uma vacina para a Covid-19, o primeiro produto da farmacêutica a de fato ser aprovado. Dedicado a vacinas de RNAm, o laboratório conduz testes com vacinas para o vírus da zika, para uma proteção conjunta da gripe com a Covid-19 e para vírus sincicial respiratório (VSR), microrganismo que causa um alto número de hospitalizações e óbitos em crianças pequenas, mas ainda não pode ser evitado com imunizantes.
Como funciona a tecnologia de mRNA?
Diferente das outras vacinas, as fórmulas de mRNA usam a própria maquinaria do organismo para ensinar quem é o potencial invasor e como eliminá-lo. No caso do covid, o imunizante envia instruções para o corpo produzir fragmentos do coronavírus SARS-CoV-2 e, com isso, ensina o sistema imunológico a reconhecer o invasor.
Agora, a vacina contra o câncer personalizável usa o mesmo esquema de indução de imunidade, mas foca na produção de marcadores encontrados na superfície das células do tumor do próprio paciente. É uma estratégia bastante específica que pode combater o câncer, enquanto preserva as outras células do organismo que não estão relacionadas com a doença.